Assassinos com complexo de Édipo, motoristas canibais, mistérios horripilantes nas ruas de Paris, corpos sem vida atirados de barrancos, navalhas até ao osso, homens-aranha devoradores, pesadelos vários, vampiros da Transilvânia, cidades amaldiçoadas e todo o tipo de criaturas da noite. Ahhh, a banda-sonora perfeita para a noite de Halloween!
1.“The End”, The Doors [1967]
Para além de ser um dos meus temas preferidos de sempre dos Doors, “The End” é arrepiante também pela história que conta. A canção, longa e complexa, cheia de significados escondidos, culmina numa brilhante e controversa explosão de genialidade e horror, que valeu a Jim Morrison e companhia a expulsão de alguns palcos. “The killer awoke before dawn, he put his boots on” dá o mote e a partir daqui, se fechar os olhos, posso acompanhar com todo o detalhe os passos do assassino pelo corredor, a porta do quarto da irmã a abrir, depois a do irmão, até ao derradeiro momento: “Father? Yes, son. I want to kill you. Mother? I want to…”. Brutal.
2.“Dirty Frank”, Pearl Jam [2003]
Reza a lenda que os Pearl Jam se inspiraram na história verídica do canibal Jeffery Dahmer e na figura bizarra de um motorista da banda para criar o “Dirty Frank” da canção, um aterrador condutor de autocarros que tem um apetite especial por carne… humana! Pesadelos à parte, o tema tem um excelente feeling quase funk – muito provavelmente por influência dos amigos Red Hot Chilli Peppers, com quem andavam em tournée na altura – e é pontuado por deliciosos (no pun intended, promise!) sons de moto-serras e grunhidos do próprio Dirty Frank, enquanto escolhe o menu do dia de entre os passageiros. “Where's Mike McCready? My God he's been ate!”
3.“Murders on the Rue Morgue”, Iron Maiden [1981]
Baseado no conto de Edgar Allan Poe, este tema, ainda com Paul Di’Anno no microfone, conta a história de um homem que se vê envolvido no assassinato de duas mulheres na Rue Morgue, em Paris. A canção de “Killers”, num viciante registo ainda a cheirar a punk, mostra-nos a cena horripilante através dos olhos deste tipo que, aparentemente sem saber como, está em plena cena do crime, ensanguentado e, basicamente, em maus lençóis – não há gendarme que o valha. E como nas melhores histórias de terror, há novos e reveladores desenvolvimentos a cada estrofe e, claro, um twistzinho no momento certo. ;)
4.“Enquanto a Noite Cai”, Xutos & Pontapés [1988]
As canções de arrepiar continuam com mais histórias de assassinos. Afinal, o que poderá haver de mais assustador que um homem como tu e eu capaz de tirar a vida a outro? 4 em cada 10 letristas concorda comigo, com certeza. Gosto de ouvir este “Enquanto a Noite Cai” e imaginar o dia-a-dia corriqueiro de um gajo normal, que dorme com a namorada, faz a barba todas as manhãs, tranca a porta de casa, desce o Monsanto para depois se misturar na multidão que apanha o metro na mesma estação que eu. Um gajo normal que guarda a arma por cima do roupeiro, sai à hora marcada, faz o que tem a fazer e deita o corpo no barranco. Creepy!
5.“Cão da Morte”, Mão Morta [2001]
Numa palavra, os Mão Morta são uma banda desconfortável, para o bem e para o mal. Adolfo Luxúria Canibal até podia ser o nome de uma personagem de um qualquer filme de terror, mas não é: é um letrista de mão cheia, capaz de instalar um desconforto agradável em quem o ouve, mestre em transportar-nos para atmosferas pesadas, desafiantes e ousadas. Este “Cão da Morte” é uma das muitas canções que caberia nesta lista: cheira e sabe a sangue e suor, arrepia como se ela própria fosse o gume frio da navalha enterrada até ao osso.
6.“Lullaby”, The Cure [1989]
Que ninguém se deixe enganar: “Lullaby” é tudo menos uma canção de embalar. Não faltam os ambientes densos e sussurros a que, de resto, a banda de Robert Smith nos habitou desde cedo, para contar a história de um homem-aranha que nada tem de herói de banda-desenhada. Vale a pena rever uma vez mais o videoclip que acompanha o tema e voltar a delirar com o maravilhoso som dos sintetizadores, como se fosse a primeira vez.
7.“Enter Sandman”, Metallica [1991]
Há quem tenha medo do Bicho Papão. Eu tinha medo da Velha do Saco que, dizia uma vizinha, viria uma noite roubar o meu irmão bebé enquanto eu estivesse a dormir. Desta história resultaram pesadelos vários e noites a fio em claro. É sobre estas histórias de criança que fala “Enter Sandman”, um grande clássico do rock dos anos 90 que conseguiu transformar uma tradicional nursery rhyme num poema verdadeiramente arrepiante.
8.“Vampiria”, Moonspell [1995]
Em vez deste, podia estar aqui qualquer outro dos temas dos Moonspell: basta mergulhar de cabeça na discografia de uma das bandas mais inspiradas do heavy metal português. Para esta noite escolhi “Vampiria”, uma das minhas canções preferidas do excelente “Wolfheart”, o primeiro longa-duração da banda.
9.“Hometown”, Akira Yamaoka com Joe Romersa [2003]
Quem conhece a história trágica do videojogo “Silent Hill” não precisa de mais explicações. “Hometown” faz parte da banda sonora de uma cidade amaldiçoada, por onde se perdem almas torturadas e todo o tipo de criaturas estranhas e diabólicas. Nada aconselhável a quem se deixa impressionar com facilidade.
10. “Thriller”, Michael Jackson [1982]
Numa lista cheia de sons mais pesados, não podia faltar este obrigatório do Rei da Pop. Criaturas da noite, lobisomens, mortos-vivos, uma coreografia incrível e um videoclip épico que mais parece uma curta-metragem de terror: o que é que querem mais para a vossa noite de Halloween?
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