Em honra deste Halloween/Samhain/Noite dos Mortos/Véspera do Dia de Todos os Santos - o que lhe quiserem chamar - achámos por bem rever o nosso catálogo de canções assustadoras ou que simplesmente nos perturbem de alguma maneira. Mas note-se que o medo tem muitas tonalidades e a música consegue trazer á tona emoções variadíssimas, cuja intensidade, por vezes, é justamente o que assusta mais.
1. "Come To Daddy", Aphex Twin [1997]
Se o objectivo era que estômagos se torcessem e que cérebros entrassem em curto-circuito, o senhor Aphex conseguiu cumpri-lo com distinção. Esta canção, que é só uma canção, assusta mais do que potenciais assaltantes que nos queiram perseguir com facas. Mas como se não bastasse, o Aphex Twin decidiu fazer um vídeo com realização de Chris Cunningham. Pronto, junta-se a fome com vontade de comer. Fujam!
2. "Don't Leave Me Now", Pink Floyd [1982]
Este tema do "The Wall" é mais um exemplo do quão assustador pode ser o desespero da solidão. Há uma certa angústia que se sente à medida que a súplica se vai repetindo, culminando, com o verso final, numa espécie de queda. Como aquelas quedas com as quais sonhamos e das que acordamos em sobressalto.
3. "Bela Lugosi's Dead", Bauhaus [1979]
Ok, está bem. Não assusta assim tanto a canção em si. Mas há que admitir que quando se é muito pequena e se começa a descobrir coisas sombrias, há canções que marcam. Especialmente se, sem querer, se vê o início do filme "The Hunger" na televisão, sozinha. Há que proteger os pescoços, não vá o senhor actor húngaro afinal não estar morto... e vir com a companhia vampírica do David Bowie & Catherine Deneuve!
4. "Stagger Lee", Nick Cave & The Bad Seeds [1996]
Este "Murder Ballads" de Nick Cave é um dos discos mais tocados da minha humilde biblioteca musical. Há que tirar-se-lhe o chapéu quando nos deparamos com canções como esta "Stagger Lee", uma versão fantástica, entre muitas versões, da canção popular americana de 1911 acerca de um homicídio numa noite de Natal.
5. "Angel", Massive Attack [1998]
Canção em espiral que vai entrando sem darmos conta, como uma espécie de vírus fatal. Música capaz de alterar o batimento cardíaco e de nos colocar alerta para qualquer coisa que nem sequer se sabe o que é. Apenas um dos muitos exemplos de canções geniais pelos Massive Attack.
6. "Rid of Me", PJ Harvey [1993]
A ode à possessão obsessiva, feita, tocada e cantada de forma sublime. Não fosse a senhora Polly uma mestre do hipnotismo musical. Não há dúvida nenhuma que versos como "I'll make you lick my injuries, I'm gonna twist your head off, see, till you say don't you wish you never never met her" parecem ser convidativos o suficiente para considerarmos a hipótese de nos amarrarmos voluntariamente a esta "psicopata" apaixonante. Assustador o suficiente?
7. "Still Smiling", Teho Teardo & Blixa Bargeld [2013]
Se há discos invasivos e envolventes, este é um deles. "Still Smiling", a canção que dá o título ao disco, tem um poder hipnótico tal, que é impossível parar de ouvir tudo o que é dito pela voz extraordinária de Blixa Bargeld. As notas do violoncelo são agulhas espetadas continuamente e há um desespero impossível de evitar, do princípio ao fim.
8. "Some Velvet Morning", Nancy Sinatra & Lee Hazlewood [1968]
A sério que serei a única a achar esta canção assustadora? Aqui aplica-se o termo 'creepy', no seu verdadeiro sentido. Acho até que a canção se podia incluir em vários filmes de terror. Não sei se será a repetição, em loop, de duas partes da canção em ritmos e melodias completamente diferentes, que se sobrepõem no minuto final, ou a letra confusa mas que não nos parece levar a lado nenhum. Um labirinto, ou sala de espelhos, talvez, na qual não há saída possível.
9. "The Downward Spiral", Nine Inch Nails [1994]
Estes senhores têm o dom de afectar o ouvinte de várias maneiras, assustando, inspirando, invadindo...Há coisas que são descobertas cá dentro, há muito escondidas. Medos, traumas, feridas por sarar. Esta "The Downward Spiral" que dá nome ao icónico disco (que marcou uma geração inteira) é uma viagem assustadora até ao mais íntimo dos gritos. E confesso que é uma das canções que, por mais simples que seja, me custa ouvir até ao fim.
10. "Os Vampiros", José Afonso [1963]
Assustadora por ser tão real, por mais décadas que passem. E não fica muito mais, por dizer.
__
Sem comentários:
Enviar um comentário