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10 Canções de 2014 - por Patrícia Raimundo

Esta não é uma lista de melhores do ano. São apenas canções que me surpreenderam em 2014 por alguma razão e que foram de uma forma ou de outra a sua banda sonora. Há pop, há rap, rock com e sem distorção, há humor e relações de amor-ódio. Momentos de energia e momentos de nostalgia. E surpresas e regressos. Um pourco como a nossa vida, ao longo dos últimos 12 meses. Bom ano novo a todos!

1. “Part II (On The Run)”, Jay Z feat. Beyoncé
Jay Z e Beyoncé não costumam rodar nas minhas playlists, sempre mais cheias de rock e jazz que de pop. No início do ano, fui apanhada de surpresa por este tema e ainda bem! Na verdade, vim a saber mais tarde, “Part II (On The Run)” faz parte de “Magna Carta Holy Grail”, disco que Jay Z lançou ainda em 2013, mas, enquanto single, saiu em Fevereiro do ano seguinte. Está feito: considero-a uma canção de 2014! Quanto ao tema em si, há um certo feeling old school por identificar que o atravessa e foi isso que me fez parar para ouvir. Beyoncé está óptima e, em dupla, a canção funciona mesmo bem. Boas surpresas!

2. “Beijing”, Sequin
Que grande descoberta de 2014! Nunca tinha ouvido falar de Ana Miró até conhecer o projecto Sequin – e que pena! Uma excelente voz, às vezes doce, às vezes ingénua, mas sempre bem colocada no meio de uma electrónica de bom gosto, ou não estivesse por trás a produção do grande Moullinex.

3. “Ganhar o Dia”, Diabo na Cruz
Quando ouvi “Ganhar o Dia” pela primeira vez ao vivo – no Tivoli, ainda o disco homónimo não tinha saído -, ficou clara a qualidade single do tema: energia, energia, energia. Dançável até mais não, é o hino perfeito para aquelas manhãs em que achamos que ninguém nos pára. Os Diabo na Cruz conquistaram-me (a mim e a uma legião de fãs empenhados em fazer a festa) com esta mistura de tradicional e moderno e o novo disco não desilude. E aqueles teclados? Geniais!

4. “Pratica a Tua Fé”, Tochapestana
O que é que um projecto-piada está a fazer aqui? Basicamente, não pude esperar pela lista de guilty pleasures! Gonçalo Tocha pegou no imaginário algo kitch da música popular e, num golpe de génio, criou os Tochapestana, um projecto de “turbo-baile-tecno-punk”, seja lá o que isso for. “Pratica a Tua Fé”, um hino à fervilhante vida nocturna do Cais do Sodré, é uma caricatura completamente viciante, perfeita para dançar por aí, com um copinho a mais. E, convenhamos, quem mais poderia usar cabedal da cabeça aos pés e um bigode com a coolness destes dois?

5. “Do Come Home”, The Legendary Tigerman
Para mim, não há projecto como o de Tigerman na música portuguesa. Adoro one-man-bands e Paulo Furtado tem-nos trazido belas pérolas por detrás daquela parafernália de instrumentos que leva a palco. “Do Come Home”, o primeiro single para “True” revela, talvez, um homem-tigre mais maduro que sussurra o que queremos ouvir. Simples, bonita, sem artifícios.

6. “The Crawler”, Ty Segall
“Manipulator” anda por aí em muitas listas dos melhores do ano e com razão! Há quanto tempo não ouvia guitarras com distorção e falsetes (!!) como este? Foi com prazer que fiquei com os ouvidos a zumbir durante três dias depois do explosivo concerto no Lux, tal era o nível de distorção. Ty Segall é rock, é hard, vai beber influências aos clássicos sem, no entanto ser poeirento. Sem dúvida uma lufada de ar fresco no panorama rock de 2014!

7. “Camuflado”, B Fachada
Confesso que, no início, tinha um sentimento de amor-ódio por esta estranha personagem que é o B Fachada. A primeira – e única – vez que o vi ao vivo, a fazer a primeira parte do concerto do Kurt Vile no Frágil, não ajudou. Na verdade, acho que parte desse sentimento ainda permanece, nas sombras. Acontece que me apaixono sempre pelas canções sem rótulo que Fachada põe cá fora. Quando já não espero ouvir mais nada novo dele, eis que regressa com um disco homónimo, cujo primeiro single, “Camuflado”, me conquistou às primeiras audições. Não é nada de extremamente novo, mas dou comigo a querer ouvir outra e outra vez.

8. “24”, Modernos
Despretensiosos, os Modernos estrearam-se nos discos este ano com canções simples, punk-garage-rock, que bem podia ser a banda sonora da nossa adolescência fora de horas. Não chega para as listas de melhores do ano – who cares! - mas chega e sobra para esta. Em três minutos estou de volta à garagem, às camisas de flanela e aos cabelos sujos, compridos. Só por isso já vale a pena.

9. “Faz Tempo”, Banda do Mar
Bendita a hora em que Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e Fred Ferreira decidiram criar a Banda do Mar, um chocolatinho com licor que caiu em 2014 que nem ginjas. O disco traz água na boca para o concerto de Janeiro em Lisboa e canções quentinhas, simples à primeira vista, mas complexas no sabor.

10. “Mão Pesada”, Capicua com M7
Capicua traz-nos um disco de rap muito feminino, com rimas certeiras e os beats perfeitos para contar as doces histórias de infância de “Vayorken”, mas também para fazer statements poderosos em temas como “Mão Pesada”, que partilha com a companheira destas andanças, M7. Bem escrito, bem produzido, bem interpretado. Era de uma “Sereia Louca” que 2014 precisava!

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