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10 Canções para o Dia Seguinte - por Daniela Coutinho

O dia seguinte é sempre uma incógnita, mas o que é certo é que todos passamos por essa experiência. Por vezes a noite anterior valeu muito a pena, por vezes queremos apenas que tudo se dissipe muito depressa, tal como as dores agudas de cabeça. Os dias seguintes começam com dúvidas, medos e reflexões sobre decisões pouco pensadas. Estas são as canções que os acompanham.


"Will You Still Love Me Tomorrow?", The Shirelles [1961]

Poucas palavras para descrever situações clássicas. As Shirelles trazem-nos a pergunta de todos os apaixonados inseguros subitamente envolvidos em aventuras. O que me faz lembrar de Amy Winehouse, senhora aventureira, que fez uma cover marcante que eternizou esta canção.


"Every Time We Say Goodbye", Ella Fitzgerald [1965]

De todos os standards, talvez seja este que mais rapidamente me chega ao coração. Uma canção lindíssima na voz sublime de Ella sobre despedidas em manhãs, de repente, solitárias.


"Say Goodbye", Dave Matthews Band [1993]

Eu costumo dizer que o senhor Dave é o mestre da sedução, isto porque (além de ter ao seu dispor uma banda fantástica) consegue fazer-nos dançar, descontrair e cantarolar ao som de uma canção sobre infidelidade e marotices sem sequer nos apercebermos. Diz ele "tomorrow we'll go back to being friends" e a ele respondo "sabes muito, senhor Matthews"!


"Where Did You Sleep Last Night", Nirvana [1994]

Os Nirvana conseguiram ir buscar um blues de 1944 para, precisamente 50 anos depois, lhe dar uma lufada de ar fresco e vida eterna. Mesmo tendo passado mais duas décadas sobre o MTV Unplugged, cada vez que alguém num grupo de amigos no café entoa "My girl, my girl...", ninguém consegue não continuar a cantar. Torna-se, portanto, num coro improvisado sobre uma questão muitas vezes retórica. Independentemente de todo o contexto bem mais profundo da canção, a pergunta central seria a questão que o namorado da senhora que foi seduzida pelo Dave Matthews lhe colocaria no dia seguinte - pois claro.


"Seven A.M.", The Blue Nile [1989]

Os The Blue Nile e a voz intemporal de Paul Buchanan (e o incrível "Hats"). São sete da manhã, as indecisões inundam tudo e no entanto a voz doce do Paul acaba por suavizar tudo. Podia ser muito pior...


"Sunny Afternoon", The Kinks [1966]

Porque os dias seguintes, por vezes, começam à tarde. E são tardes de tal preguiça que não interessa o quão caótica esteja a nossa vida, interessa é procrastinar nesta bela ode ao 'dolce fare niente' dos Kinks.


"All Tomorrow's Parties", The Velvet Underground [1967]

Canções que são hinos. Metáforas que cobrem tudo e todos. Porque há tanto ainda por fazer amanhã - e no dia seguinte. As consequências, essas, dramáticas ou não (mas sempre intensas) abraçam-se e vestem-se.


"Last Nite", The Strokes [2001]

Houvesse um botão rewind e o Casablancas regressava à noite de ontem e batia com a porta em vez da tentativa menos dolorosa possível de término de namoro. Porque as coisas devem ser sempre como a gente sente e sinceras, eu apoio a decisão do senhor Julian. Se é para se bater com a porta, ao menos que seja assumido. 


"Every Time the Sun Comes Up", Sharon Van Etten [2014]

A maravilhosa Sharon que vem passear a terras lusitanas para a semana, traz um disco tão bonito que dói e nele está este último tema. Canção sobre mentes atribuladas e manhãs que só revelam quem está permanentemente em apuros. Todos temos manhãs dessas, certo?


"Why?", Andrew Bird [2001]

Só o Andrew para criar uma canção de revolta contra o que é 'demasiado bom'. E de facto, havendo quem tenha um gostinho especial pela tragédia, torna-se difícil quando se conclui na manhã seguinte que está tudo tão perfeito que não há fuga possível. "Damn you for being so easy going".

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