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10 Canções para banhos de imersão - por Patrícia Raimundo

Se vamos trocar o duche rápido por um demorado banho de imersão, é bom que a banda-sonora esteja à altura. O jazz e a bossa nova não podiam faltar, mas há mais ritmos à prova de água numa playlist para lavar mais alma que corpo.

1. “Wash”, Pearl Jam [2003]
Há dias em que um banho quente é a única forma de limparmos a cabeça das coisas que vamos carregando connosco ao longo dos anos. “Wash”, que foi gravado como um b-side para o hit “Alive”, é a banda sonora perfeita para esses dias: a cadência das guitarras está em sintonia com a água a escorrer pela cara, o cabelo molhado e o vapor de uma banheira demasiado pequena para o que nos tornámos.

2. “Wave”, João Gilberto [1976]
Se o objectivo é relaxar, juntem-se pozinhos de bossa nova à água do banho. A receita é simples: encher a banheira bem quente e mergulhar nesta onda pequenina, fechar os olhos e deixar que a voz sem pressa de João Gilberto nos diga coisas sábias, que nos faça esquecer aquilo que é acessório e dar valor àquilo que é mesmo fundamental.

3. “Filhos de Gandhi”, Gilberto Gil e Jorge Ben Jor [1975]
Dois grandes músicos a improvisar de forma impressionante durante pouco mais de 13 minutos. Haverá melhor? Se me deixar afundar na banheira e fechar os olhos consigo vê-los num cantinho da minha própria casa de banho a chamar Xangô – e todo o pessoal – voltados um para o outro, de guitarras no colo, alheios a tudo o resto. E quando pensamos que já não há mais ninguém para mandar descer para ver, eles continuam: Mais uma vez, p’ra Gandhi subir! Indescritível.

4. “Balcony Rock”, Paul Desmond e David Brubeck [1975]
Mais um dueto, desta vez de saxofone e piano, à prova de água. Inevitavelmente, o jazz e todas as suas variantes tinham de marcar presença nesta playlist. Desmond e Brubeck não precisam de muito mais do que dois minutos para nos fazer levitar numa nuvem de fumo, até um lugar onde o que sobressai é aquele sopro tão característico sobre a cama perfeita do piano.

5. “I’m Just a Lucky So and So”, Ella Fitzgerald [1946]
Uma canção sobre os pequenos prazeres da vida e aqueles momentos que parecem tão sem importância, mas pelos quais devemos estar agradecidos. Um olá amigável do outro lado da rua, pássaros que cantam, uma casinha para onde voltar a cada noite e, porque não, um banho de imersão cheio de espuma. Porque os sonhos são uma pechincha.

6. “The Girl From Ipanema”, Frank Sinatra com Tom Jobim [1967]
Se há coisa que me fascina em Frank Sinatra é, à falta de melhor palavra, a naturalidade com que canta seja o que for. Canta como respira, é a sensação que me dá sempre que o ouço. Neste dueto absolutamente delicioso com Tom Jobim, então, parece que fomos convidados para a sala de estar de dois amigos que estão no sofá a beber copos e a trocar umas impressões sobre as trivialidades da atracção, entre baforadas. Não consigo pensar em nada que tenha metade da coolness deste concerto e transmita um terço da tranquilidade.

7. “Thing Of Gold”, Snarky Puppy [2012]
Os Snarky Puppy foram, para mim, uma descoberta tardia mas certeira. Parti de “We Like it Here”, lançado este ano, e continuei numa necessária marcha atrás para ouvir mais deste colectivo. Não estaríamos mal servidos se pegássemos em toda a discografia da banda e a levássemos connosco para a banheira: a fusão de estilos que praticam são uma verdadeira festa para os sentidos. 

8. “Menino do Rio”, Caetano Veloso [1979]
Uma canção como um beijo, como escreveu Caetano. “Menino do Rio” é o tema perfeito para ficar submerso nos sonhos e desejos mais próximos e mais distantes. A voz embala com um sorriso e a banheira acaba por transformar-se em todos os lugares que quisermos.

9. “Dreaming About You”, The Blackbyrds [1977]
Com os Blackbyrds, o nosso banho de imersão musical muda um bocadinho de registo sem, ainda assim, perder o jazz de vista. Adoro o feeling r&b, às vezes funky, do tema e a atmosfera de sonho dada pelas vozes e o saxofone irresistível.

10. “These Days”, Nico [1967]
Às vezes, encher a banheira é o pretexto que precisávamos para reflectir sobre qualquer coisa, a vida, o mundo, aquilo que fizemos e o que não chegámos a fazer. Quando assim é, nada melhor que pôr a rodar um dos temas mais emblemáticos de uma voz inconfundível. E deixar que os pensamentos se organizem, como numa canção.

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